*Eduardo Hiro
Em um cenário digital cada vez mais dinâmico e desafiador, as empresas enfrentam constantemente riscos e ameaças cibernéticas que podem comprometer desde a integridade dos dados até a continuidade dos negócios. O Pentest é uma das mais eficazes estratégias de segurança digital para as empresas. Esta prática simula ataques reais, permitindo que a companhia identifique e resolva vulnerabilidades de segurança antes que sejam exploradas por hackers e se tornem uma ameaça real.
Para ser realmente benéfico para a empresa, o Pentest não pode ser feito de maneira superficial, apenas como um escaneamento de vulnerabilidade, porque dessa maneira as empresas nunca têm a visibilidade do impacto no seu ambiente e isso é perigoso, porque traz uma falsa sensação de segurança, e vemos muito isso acontecendo no mercado. Um serviço de Pentest bem feito é aquele que se utiliza de uma abordagem inteligente, onde a mera descoberta da vulnerabilidade não é o topo da montanha, o topo é a pós-exploração, ou seja, consiste na enumeração do ambiente, descoberta e exploração da vulnerabilidade, testar a resiliência do sistema, aprimorar as práticas de segurança e assegurar conformidade regulamentar.
Para se ter uma ideia da importância desses testes, segundo Panorama de Ameaças para a América Latina 2024, o Brasil é o segundo país com mais ataques cibernéticos no mundo, ficando atrás somente dos Estados Unidos. No período de um ano, foram registrados mais de 700 milhões de ataques no país, sendo 1.379 por minuto.
Modalidade
Cada tipo de Pentest é selecionado de acordo com o objetivo do teste e o nível de ameaça que a empresa quer simular. O Black Box, por exemplo, é útil para avaliar a resiliência contra ameaças externas, enquanto o Gray Box é ideal para analisar vulnerabilidades de quem já possui um acesso parcial. Existem três abordagens principais para esta prática:
Black Box: O pentester age como um invasor externo, sem qualquer conhecimento prévio do sistema. Esse método simula um ataque real, como os que poderiam ser executados por um invasor sem acesso à rede interna.
Grey Box: Neste tipo de teste, o pentester tem acesso limitado ao sistema, como se fosse um funcionário com alguns privilégios. É uma abordagem que simula um ataque interno, de alguém que já possui acesso a determinados dados.
White Box: O pentester tem acesso completo ao sistema e ao código-fonte, permitindo uma análise detalhada. Este tipo de Pentest é ideal para uma visão minuciosa do ambiente e é usado para identificar vulnerabilidades internas e externas.
Etapas do processo
O Pentest é realizado em várias etapas planejadas para cobrir todos os aspectos de segurança, desde a coleta de informações até a análise dos resultados. Para ser eficiente, deve seguir etapas, como planejamento de definição do escopo, reconhecimento e coleta de informações, escaneamento e enumeração, exploração, escalada de privilégios, pós-exploração, relatório e recomendações, que servirá como um guia para que a equipe de segurança e TI aplique as medidas corretas.
Implementação em empresas
É muito importante que as companhias optem por profissionais qualificados para realizar este tipo de serviço, ou seja, pentesters com certificações, como CEH (Certified Ethical Hacker), OSCP (Offensive Security Certified Professional) ou CISSP (Certified Information Systems Security Professional), e experiência comprovada em segurança da informação.
Além disso, é essencial realizar Pentests durante o desenvolvimento e antes do lançamento de novos sistemas, para que o procedimento detecte e corrija falhas de segurança desde o início, mantendo um monitoramento contínuo.
Benefícios para as empresas
A realização de Pentests regulares oferece uma série de benefícios para a segurança digital das companhias, como:
1 – Prevenção de incidentes e violação de dados: Um Pentest identifica e corrige vulnerabilidades antes que sejam exploradas por cibercriminosos, evitando incidentes que poderiam comprometer dados sensíveis e prejudicar a reputação da empresa.
2 – Avaliação contínua de segurança: Como as ameaças cibernéticas evoluem, a realização de Pentests periódicos mantém a segurança dos sistemas sempre atualizada, ajudando a empresa a estar um passo à frente dos hackers.
3 – Cumprimento de normas e regulamentos: Em muitos setores regulamentados, como financeiro e saúde, o Pentest é obrigatório para proteger dados confidenciais e garantir a conformidade com normas, como a LGPD.
4 – Conscientização e treinamento: Além de encontrar vulnerabilidades, o Pentest permite que a equipe de TI e segurança melhore suas práticas e aprenda a proteger da melhor maneira o ambiente, além de aumentar a conscientização dos funcionários sobre segurança.
O Pentest é uma das práticas mais eficazes para identificar e corrigir vulnerabilidades em sistemas, redes e aplicativos. A prática permite que as empresas protejam suas operações, dados sensíveis e reputação, fortalecendo a sua segurança digital. Em um cenário de ameaças cibernéticas em constante evolução, investir em testes de penetração é essencial para que as organizações estejam preparadas para enfrentar os desafios e garantir a proteção do ambiente digital.
*Eduardo Hiro é sócio fundador da 5F Soluções em TI. Especialista em cibersegurança, atua como diretor responsável pela área de Produtos e Soluções da empresa.